terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Máquinas de Imagens, de Phillipe Dubois

Na sua origem e sentido clássico Grego, a tecnologia é simplesmente saber fazer. O termo technè corresponde ao sentido aristotélico da palavra arte, que designava não as belas artes, mas todo o processo de fabrico segundo regras determinadas na produção de objectos belos ou utilitários. Que poderiam ser desde a pintura, arquitectura, escultura, mas também o vestuário, o artesanato ou a agricultura. A téchnè é então, antes de mais nada uma arte do fazer humano. Entre algumas das tecnologias mais recentes estão a fotografia, o cinema, a televisão, e as imagens da informática. Cada uma destas máquinas de imagens encarna uma tecnologia. Dubois, sugere que a técnica e estética se interligam, dando lugar a ambiguidades e confusões. Dubois aborda a questão do discurso da novidade, segundo o qual, por um lado existe uma ideologia de progresso contínuo, ocultando aspectos regressivos em termos de representação. A ocultação do estético em proveito do puramente tecnológico. Dubois aborda os aspectos máquina e humanos, semelhança e diferença e materialidade e imaterialidade. Sugere que as máquinas, enquanto instrumentos, são intermediários entre o homem e o mundo. Se a imagem é uma relação entre o sujeito e o real, o jogo das máquinas figurativas separa os dois pólos, como um jogo de filtros. Com a máquina fotográfica a imagem é autoproduzida sobre o controlo do homem. Dubois sugere que a emergência deste tipo de relação tem tendência a desumanizar a arte. Relativamente à televisão e ao cinema, Dubois sugere que assistimos ao desaparecimento de todo o sujeito e de todo o objecto. O espectador é passivo tornou-se um número, um alvo, uma taxa de audiência. A última tecnologia que veio completar o último quarto do século XX foi a imagem informática. Esta é criada pelo programa de computador, e não existe fora dele. A própria máquina pode produzir o seu real. Pode produzir o objecto e a imagem, a fonte e o resultado. Dubois, sugere que por este motivo a representação perdeu o seu sentido e valor. A realidade passou a ser chamada de virtual. A semelhança e a diferença estão relacionadas com o realismo da imagem, como se cada invenção técnica pretendesse aumentar a impressão de realidade da representação. A objectividade da fotografia confere-lhe poder de credibilidade, porque somos obrigados a crer na existência do objecto representado. O desenho por mais fiel que nos possa parecer é sempre um pouco menos credível quando comparado com a fotografia. O mimetismo da fotografia faz com que a relação da semelhança perca sentido, pois reduz a necessidade de representação. Não é a imagem que imita o mundo, é o real que passa a ser semelhante com a imagem. A dimensão mimética da imagem corresponde a um problema de ordem estética e não de tecnologia. Os dispositivos tecnológicos podem jogar com a dialéctica entre semelhança e diferença, analogia e desfiguração. Dubois sugere a imagem cinematográfica que o espectador vê apenas existe no seu cérebro e que portanto não existe enquanto objecto ou matéria. Relativamente à imagem electrónica esta não passa de um simples impulso eléctrico composto por sinais cromático, luminosos e de sincronização. Segundo Dubois a desmaterialização da imagem atinge o seu extremo nos sistemas ligados à informática e produzidos no computador. É o triunfo da simulação em que a impressão da realidade dá lugar à impressão da presença, e o utilizador experimenta a simulação como uma realidade. Neste universo, não só a imagem perdeu corpo como também o próprio real parece ter-se volatilizado numa total abstracção sensorial.

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