terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Máquina e Imaginário, de Arlindo Machado



O autor, Arlindo Machado, faz referência à função do artista na evolução tecnológica, industrial e à relação complexa da arte com a tecnologia. A arte deste nosso século reflecte sobre os problemas emergentes do universo das técnicas e das ciências. O autor afirma que a arte deste século encontra-se numa relação de simetria com o saber do seu tempo, tal como esteve a arte clássica grega em relação à geometria euclidiana. O próprio conhecimento científico parece também viver agora o seu “state of the art”, libertando-se de uma realidade objectiva, passando a governar-se pelas mesmas noções de caos e acaso com que opera o artista. A arte é cada vez mais científica e a ciência é cada vez mais artística. Benoit Mandelbrot é um exemplo directo, tanto no campo das artes quanto no das ciências exactas. Um objecto fractal é ao mesmo tempo um achado da imaginação e um modelo de conhecimento. A estratégia da competitividade industrial baseia-se numa reinvenção incessante e infinita da tecnologia e num alargamento das suas potencialidades. Há hoje toda uma grande estratégia de tornar o grande público receptivo às inovações técnicas. O fenómeno do “sponsoring”, financiamento da arte por grandes empresas, é vulgar na história da arte, que sempre beneficiou de alguma espécie de mecenato. Aqueles que hoje se propõem fazer arte a partir de instrumentos, processos e suportes colocados pelas tecnologias de ponta devem estar preparados para enfrentar as regras de mercado, as instituições de gestão e controlo de recursos. Devem também saber exactamente até onde pode ceder ou abrir mão da sua liberdade, sem comprometer a radicalidade das suas propostas.

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